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Crítica metodológica

Just How Blind Are We to Adverstising Banners on the Web?

Resumo: Esta crítica metodológica trata de motrar a facilidade com a que se cometem erros na investigação experimental na usabilidade e tem como objectivo evitar este tipo de erros. O estudo criticado conclui que não somos assim tão cegos aos banners e que muitos utilizadores lembram-os. No entanto, o estudo tem tantas deficiências metodológicas que as suas concluções ficam totalmente invalidadas.


Este estudo pode enganar gravemente à gente que interessa-se pela usabilidade e foi por isso que achei necessário realizar esta crítica em 8 pontos:

1- Não se imitaram as condições reais. Em condições reais, os banners normalmente estão colocados na parte superior ou inferior da página. No entanto, neste estudo os banner foram postos "in approximately the middel of a web page", o que não é habitual e aumenta muito a visibilidade do banner. Se se mudar o sítio do banner o valor do experimento fica anulado. É uma situação que não tem nada a ver com a realidade.

2- Utilizaram-se marcas conhecidas nos banner. Usar marcas tão conhecidas como Amazon e Ebay para os banners experimentais não permite ter uma medida certa da lembraça ou do reconhecimento que os sujeitos têm sobre eles. Ao ser marcas conhecidas, a informação sobre elas está armacenada previamente na memória dos sujeitos experimentais e portanto as condições experimentais não são neutras, isto é, estão alteradas. Não é possível saber qual o efeito que teve o facto dos sujeitos conhecerem as marcas à priori (se calhar este facto facilitou o reconhecimento). Deviam ter-se utilizado marcas inventadas para ver a efectividade real do banner como tal para relembrar o seu conteúdo sem influências externas.

3- Não se mostraram webs idênticas. Cada participante viu duas páginas web diferentas da Biblioteca do Congresso com um banner em cada uma. É uma regra básica que numa conparação se varie só uma variável independente, neste caso o banner, e não a página por completo (com o grande número de possíveis variáveis influentes que podem ser cambiadas). Se uma das duas páginas está mais cargada de informação do que a outra, ou tem cores mais apagados, ou a informação está disposta de outra forma, irá afectar à memorização dos banners.


4- Não existia tempo limite. Devia ter-se cronometrado o tempo que necessitava cada sujeito em completar a tafefa, porque aqueles que tenham necessitado mais tempo é provável que tenham uma lembrança e um reconhecimento maior. No entanto, o mais adequado seria dar um tempo fixo para cada tarefa, para que a lembraça não se viesse afectada pelo factor tempo.

5- Inadequada medida de memória. É inadequado que se presentem ao mesmo tempo, numa única página 12 banner para avaliar a lembraça, o que leva a muitos efeitos misturados (confusões, sobrecarga de informação, pouca similitude com uma situação de reconhecimento real, etc.). O mais correcto seria apresentar os banner um a um. Na tarefa de reconhecimento é possível que os utilizadores lembrassem a estética do banner, cores, tipos de letra, mas não o conteúdo. Isto poderia ter sido controlado apresentando banners idênticos em estética mas com um anunciante diferente. No entanto, neste artigo não se controla este efecto e não sabemos se o que lembraram os sujeitos foi o anunciante ou a estética do banner.

6- Inadequada recolha drespostas. Na recolha de respostas os sujeitos deviam desenhar em duas folhas de papel a informação da página. Apesar de nos testes de utilizadores ser normal pedir o desenho da estrutura organizacional do sítio, nunca se pede desenhar os aspecto do sítio. Quando se realiza uma tarefa de pesquisa, navega-se entre várias páginas diferentes e com muita informação, o que será o mais importante na hora de desenhar um sítio web: os gráficos, os textos, a estrutura? O sujeito pode não ter isto claro.

7- Não se confirma a significação estatística dos resultados.

8- O único ponto aceptável das conclusões é que dado que as condições experimentais eram iguais (de más), quer para o banner da Amanzon, quer para o da Ebay, podem ser feitas comparações entre eles. O da Ebay pode ganhar porque é menos pesado e com mais contraste, fundo branco e com texto. Não se pode dizer mais do que "pode ganhar" porque seria necessário comprovar a significação estatística para o saber com relativa certeza.


Conclusão: Depois de tantos erros é inútil começar a discutir se alguma das conclusões do estudo é próxima da realidade. Desde há algum tempo tenho seguido os estudos deste departamento de Psicologia da Universidade de Wichita. No início tomava-os por interessantes, mas depois de lê-los ao pormenor tenho reparado que todos são da mema má qualidade metodológica.

 

Página traduzida da versão original feita por Eduardo Manchón:
http://www.ainda.info/critica_just.html

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Copyleft Juan Leal. 15/09/02 - Lisboa
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