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10 erros sobre a interacção
pessoa-computador
Javier Cañada, no
seu blog descreve de uma forma brilhante 10 dos
principais erros que existem na HCI. Sem dúvida
devidos a esta área ainda não ser muito
conhecida. Espero que este documento sirva para aclarar
alguns conceitos mal interiorizados.
A interacção
pessoa-computador é uma disciplina relativamente
jovem. Por esta razão, é habitual que
a gente fale duma forma muito geral, sejam misturados
conceitos e existam tópicos e palavras confusas.
Eis os 10 mais habituais:
1. Se faço design usável,
faço design centrado no utilizador. (usabilidade
| DCU)
Não. O design centrado no utilizador
consiste em desenhar através de metodologias
que envolvam activamente a utilizadores reais e futuros
no processo. No início, para investigar as necessidades,
características e limitações; mais
tarde para avaliar directamente qual o design que mais
se ajusta aos seus requisitos de usabilidade, funcionalidade,
etc.
Desenhar objectos usáveis não implica
necessariamente design centrado no utilizador.
2. Usabilidade é
desenhar algo para que qualquer um possa utilizá-lo.
(design universal | usabilidade)
Não é correcto. A usabilidade
é a facilidade de utilização que
um objecto apresenta (sistema, interface...) para os
seus utilizadores. Com certeza que estes utilizadores
não vai ser o mundo inteiro. Há aplicações
que poderão ser utilizadas por um grupo de utilizadores
muito grande, e que necessitam provávelmente
de uma focagem universalista. No entanto, a maioria
dos sistemas interactivos são feitos para populaçoes
muito especificas. Quanto mais adaptados estejam para
este grupo (e em consequência mais desadaptados
para o resto), mais usáveis serão.
3. O design que adapta-se aos standards
tecnológicos é design usável. (standards
| usabilidade)
Falso. O design que se adapta aos standards
tecnológicos... adapta-se aos standards.
Mais nada. Outra coisa é que se adapta aos utilizadores
(muito diferente). Poderiamos desenhar alguma coisa
que "validasse" os standards da W3C,
os ISO ou os da Convenção
de Genebra, e no entanto poderia ser a coisa mais inútil
e inusável do mundo. Se uma coisa funciona como
deve ser... Quem quere falar de tecnologia!
Como é de esperar, se adapta-se
aos standars tem muitas mais vantagens em muitos aspectos,
mas não é correcto associar os standars tecnológicos
com a usabilidade.
4. Um design usável costuma ser
conservador e pouco inovador. (creatividade | usabilidade)
É mentira. Para conseguir algo
que se adapte ao mâximo aos utilizadores é
necessário ter boas ideias, e frequentemente
inventar novas formas de fazer as coisas. Evidentemente,
às vezes a solução já existe, e
como é conhecida, utiliza-se mais do que a desconhecida.
5. Design minimalista é um design
usável. (minimalismo | usabilidade)
Incorrecto. O minimalismo visual não
tem porque ser sinónimo de usabilidade. De facto,
se o minimalismo afecta a aspectos necessários
da interacção, o efeito pode chegar a ser catastrófico
(elementos importantes com tamanhos milimétricos).
Não devemos confundir o minimalismo con o deconstructivimismo
(eliminar tudo aquilo que não é necessário),
esta última sim é uma aproximação
válida ao conceito de usabilidade.
6. Se faço design pensando nos
utilizadores, estou a fazer design centrado no utilizador.
(DCU | design orientado ao utilizador)
Falso. Uma coisa é desenhar focando
o utilizador, e outra é a me-to-do-lo-gia de
Design Centrado no Utilizador. Podem ser feitas coisas
muito usáveis e muito adaptadas sem ter em conta
os utilizadores reais no processo de design, mas isto
não é DCU. Qual é portanto a diferença?
A metodologia de DCU é mais fiável, precissamente
porque não baseamos as decisoes em suposiçoes,
senão em factos.
7. A arquitectura de informação
é uma parte da usabilidade. (AI | usabilidade)
Não. A arquitectura
da informação abrange uma série
e técnicas para estruturar informação
a níveis muito distintos, mas o seu fim não
é assegurar a facilidade de utilização
de um sistema, senão a recuperação
eficiente de informação.
Uma boa arquitectura de informação
pode fazer com que um sistema seja mais usável
quando se trate de conteúdos. Mas há muitos
outros sistemas interactivos que têm pouco a ver
com a arquitectura de informação e muito a ver
com a usabilidade.
8. Um design acessível é
um design usável. (acessibilidade | usabilidade)
Erro. Um design acessível é
aquele que não põe barreiras de acesso ao seu
público alvo, o que não quer dizer que o seu
design seja facil de usar, senão que se PODE utilizar.
Mais ainda, frequentemente associa-se acessibilidade
com pessoas com deficiências visuais. Na realidade,
o público alvo destinatário de certas
medidas de acessibilidade podem ser os deficientes visuais,
os surdos, os utilizadores de PDA, os que utilizam navegadores
Netscape, aqueles que não têm plugins instalados...
A acessibilidade tem a ver com eliminar as barreiras,
não com a facilidade de utilização.
9. Respeitar os standars tecnológicos
garante um design acessível. (standards | acessibilidade)
Também não. Respeitar os
standars pode ajudar muito a que um design seja acessível,
mas há muitos elementos de acessibilidade que
não são só tecnológicos.
A forma em que uma pessoa surda processa a informação
textual (palavras como signos) não tem nada a ver com
a validação dos standars. A forma em que uma
pessoa com deficiências na percepção da
cor interpretará certos gráficos não tem
nada ver com a versão do seu navegador, etc.
Respeitar os standards assegura uma certa acessibilidade
em aspectos de formatação, mas não elimina as
barreiras cognitivas.
10. A estética joga em contra
da usabilidade. (estética vs. usabilidade)
De maneira nenhuma. A estética
não só não vai em contra da usabilidade
como também pode jogar ao seu favor, incrementando
a sua percepção. Um bom exemplo é o experimento
dos multibancos, onde demonstra-se que um multibanco
com uma estética mais cuidada percebe-se como
mais usável do que outro com uma estética
mais descuidada mas que, objectivamente, é mais
fácil de utilizar.
Outra coisa muito distinta é o
styling, a decoração. O styling SIM é
inserir elementos pouco importantes. Esses elementos
frequentemente vão em contra da usabilidade.
Mas a estética não. A estética
é uma necessidade do homem.
Fonte: Javier Cañada
| Terremoto.net http://www.terremoto.net/x/archivos/000060.html
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